terça-feira, 23 de outubro de 2018

Errei o Doce

   "Classifico as pessoas em três tipos:
1 - Não deixaria chegar perto da minha comida
2 - Dividiria minha comida
3 - Cozinharia pra você."


Me estranho com as panelas, antes tão perto, centrais
Será  que as uso pouco, já não são fundamentais?
No entanto tenho certeza de que ao redor da mesa
Com diletos comensais somos felizes, iguais

Por isso, no meu caminho, o que abro a cada dia
Penso que não dispenso mesa em boa companhia

Porém, nem sempre é preciso que eu pilote o fogão.

Mil Babetes da alquimia com temperos raros distintos
Fazem festas diferentes no perfume cor sabor
Com antigos rituais num passo a passo apurado
Partilham com toda a gente seu carinho seu valor

Afastei-me delas, verdade, quando a demanda acabou
Mas isso não quer dizer que mudei completamente
Qualquer hora as retomo e cozinho bem contente!

Porque as coisas de mesa são de importância vital
Foi o que fez Jesus Cristo na sua hora final
Convocou os seus discípulos pra Ceia Santa - Universal.



quinta-feira, 18 de outubro de 2018

A Fábrica de Encantamento

 "Força da imaginação vai lá
   Além dos pés e do chão chega lá
   O que a mão ainda não toca
   Coração um dia alcança 
   Força da imaginação..."
                     Dona Ivone Lara



Entrava na cozinha e disparava, às costas da mãe na lida do almoço "mas o meu vestido vai ficar todo sujo." A menina, 4/5 anos que declarava convicta, "quando eu crescer, vou ser cozinheira e noiva" se angustiava com o fato de que cozinhar vestida de noiva não seria fácil. E sacudia Barbies descabeladas, uma em cada mão. A mãe respondia, nem se preocupe, mando fazer um avental bem grandão pra você. Tempo mágico em que as mães sabem todas as respostas, a menina abria um sorriso largo e se mandava satisfeita, como somos nas vezes em que nada impede o que nos impele. Mais tarde, com 8 ou 9 anos o desejo era ser a "sinhazinha de sombrinha"  das festas juninas do colégio e a mãe, sem nenhum talento nas políticas de angariar votos para eleger a filha, frustrou o desejo dela.
Adulta e bem resolvida nas coisas do coração, toca a vida independente e auto suficiente nas praticidades do dia a dia.

Eis que aparece um concurso promovido pelo ARTHA Atelier de Curitiba que, para marcar os dez anos no ofício de interpretar desejos, quis saber porque a pessoa desejava se vestir de noiva.  Aberto a todos, a  única exigência era  que fosse uma boa história. Para isso, as pessoas interessadas deveriam escrever sobre o motivo que as faziam participar do concurso. O prêmio era desfilar com um modelo exclusivo, que levaria o nome de cada uma, e faria parte da nova coleção do atelier.
O Gran Finale seria um desfile do grupo vencedor.
A seleção seria de uma curadoria composta por expertises no assunto.
As dez histórias vencedoras foram publicadas e todas eram bonitas, algumas comoventes.
A moça do sonho infantil contou a história do vestido com avental e foi selecionada.
A Festa do lançamento dos modelos da nova coleção foi terça feira, dia 16/10 no Ca'dore Comida Descomplicada, em Curitiba,
A chuva impiedosa desse mês de outubro colaborou com a festa o com o sonho.
Cedeu - na última hora - o que permitiu o desfile à céu aberto. Generosa, a lua - eterna cúmplice de boas histórias e de finais felizes - apareceu, tímida, e deu uma espiada na festa.

Parabéns à Mariana Basseti e equipe porque procura - e consegue - agregar talento e generosidade nesse ofício maravilhoso de fabricar encantamento.

Foi um show!

Foto: Carol Ritzmann.