domingo, 24 de abril de 2016

Bênçãos da Maturidade

Rótulos e verdades conclusivas me causam um certo mal estar, um incômodo que não se explica, certa carência que, paradoxalmente, me rouba o rumo e me tira o chão. É o imponderável que nos clareia os caminhos. Essa história de "terceira idade" ou, pior ainda, "melhor idade" é muito rasa e muito chata. Uma, por ser burocrática e a outra pela tolice. Maturidade me parece mais distinto, mais coerente e mais verdadeiro.  Nos cabe, na idade em que estamos e das vivências que tivemos, reunir o que nos deu significados e significâncias. O desafio é excluir a bagagem que está ali só para aumentar o peso.

Acumulamos demais, nos prendemos à vínculos que só existiam em nosso querer. Acreditamos em comprometimentos que estavam somente em nossa imaginação e, paralisados, ficamos à espera de algo que não era.

Chegar à maturidade com saúde, autonomia e discernimento é um bônus, um privilégio que nem todos temos e que nos permite seguir. Não é fácil, mas é muito.





sexta-feira, 22 de abril de 2016

Sobre hamburger e alegria

Sexta-feira quase feriado, me vi sozinha em casa e fiquei feliz! O dia inteiro à minha disposição e podendo ser gasto como melhor me aprouvesse, me causou uma euforia e alegria que coube em mim porque eu condensei bastante. 

Primeiro escolhi fazer nada que é a melhor opção em situações extraordinárias como essa. Depois fui ao parque caminhar um pouco e voltei pra casa com fome e com sede. Mas a alegria, ali, intacta. 
A sede resolvi de imediato abrindo a geladeira. Cerveja gelada é muito bom! E a fome?
Tinha, no freezer, hamburgers que compro no açougue, deliciosos, e que não conto aonde para não fazer merchandizing e não perder o foco. E batatas fritas! Então, na contramão de tudo o que ouço e de tudo o que tenho feito, não achei um absurdo fritar hamburger e batatas só pra mim! E como estava bom! 

A alegria, ali, porque vida bem gasta preserva o que é bom. Ainda me restam algumas horas para usar bem este dia. Talvez pinte os cabelos ou vá ao cinema. Adoro cinema!

Contas feitas e recalculadas, de fato, só temos o que contemos.Tudo o mais faz parte das circunstâncias dos vários períodos da nossa vida. Não nos pertence, muda o tempo todo.









domingo, 17 de abril de 2016

De sem banhos a banhos sem fim!

Crianças, de um modo geral, detestam entrar no banho mas detestam mais ainda sair dele.  Começa ali pelos 10, 11 anos e vai até os 13, 14 quando, principalmente as meninas, chegam a ficar no chuveiro até o ponto em que a gente, desesperada, quase coloca a porta abaixo porque, meu Deus, deve ter caído e batido a cabeça e morrido para sempre, amém! E quando finalmente elas abrem a porta e surgem de dentro de um denso vapor, olhos revirados e pele escaldada, irritadíssimas," que escândalo, você não respeita a minha privacidade "e por aí vai...me vem à memória como eu era naquela idade e naqueles tempos, tão idos, que parecem fazer parte de uma outra vida, descolada de mim.

A brincadeira era na rua e, desde que obedecêssemos a ordem pré determinada de entrar em casa assim que escurecesse, a coisa fluía... era lavar as mãos para jantar (jantávamos todos os dias juntos) mas ninguém podia se servir antes do pai, e o meu exercia uma autoridade mais de olho, de conversa, mas ela estava ali invisível e presente, e a gente respeitava.  Depois tinha que escovar os dentes e lavar os pés, precisando ou não, Passáramos a tarde brincando de polícia e ladrão de pés descalços na poeira da rua de chão batido e nossos pés eram uma lástima. Lembro que a criançada sempre queria ser do time dos ladrões porque tinha muito mais graça. Dava para se esconder no campinho de samambaias e os polícias ficavam bastante tempo procurando. Quase como nos dias de hoje, se bem que a coisa anda meio confusa ultimamente.

Penso que normas elementares de higiene pessoal, de educação, de respeito aos mais velhos  e de cuidado com brinquedos e pertences pessoais devam ser impostas às crianças, com autoridade e sem questionamentos. Precisamos repeti-las à exaustão até que façam parte da vida e do dia a dia.
Pode parecer bobagem, mas não é, e não é pouco. E crianças são todas iguais, as de ontem e as de hoje, mesmo que não pareça.





    

sexta-feira, 8 de abril de 2016

Coragens Invisíveis

Têm os que se soltam, se espalham, Os que deixam, que saem, os que partem. Às vezes até se expandem e melhoram e ficam mais felizes. Precisam de um pouco de coragem e de muito desapego.
São admiráveis porque quebram paradigmas e seguem em busca de si. São reconhecidos e elogiados em frases feitas de uso  corriqueiro tipo "mais triste de que fracassar é se arrepender por nunca ter tentado" ou coisa do tipo.

Mas quero falar é dos que ficam. Por que o que vemos é que para cada um que vai tem o outro, o que fica. E esse não aparece, é invisível, ninguém sabe dele. Mas precisa de muita coragem e muita força para ficar. Para o que der e vier. Sem banda e sem holofote.




quinta-feira, 7 de abril de 2016

Sobre Leituras

Circula, nas nas redes sociais, uma foto do Arnaldo Antunes nos alertando para não acreditar em tudo que lemos. Sempre um bom lembrete hoje e em qualquer tempo, ainda mais sob a chancela de um artista talentoso e culto como é o Arnaldo Antunes. Concordo com o alerta,  pois prudência e caldo de galinha, já diziam nossas avós, nunca fizeram mal à ninguém.

Mas isso significa que devemos ler de tudo e muito. Ler os clássicos da literatura e as tirinhas da Mafalda. Ela é a minha feminista favorita. Ler filosofia e ler com atenção as revistinhas da Turma da Mônica. O Cascão, apesar de não ser chegado a banhos, tem uma alma limpa e amiga. Sem esquecer, é claro, do Calvin que, com seu Haroldo desbrava o mundo curioso e confiante.

Bom dia!

terça-feira, 5 de abril de 2016

Chegar aos 60

Chegar aos sessenta muda nosso status. Oficialmente somos idosos. De um dia para o outro temos direito de pagar meia entrada no cinema e no teatro, de ficar em filas especiais no banco e no supermercado e de estacionar em vagas exclusivas nos shoppings e nas vias públicas de estacionamento regulamentado.

São iniciativas que facilitam a nossa vida, mas, na minha opinião, o melhor de tudo é que nos insere num grupo e nos identifica como turma. Nasce o sentimento confortável de pertencimento que nos acolhe entre os nossos pares. Estamos todos no mesmo barco.