Crianças, de um modo geral, detestam entrar no banho mas detestam mais ainda sair dele. Começa ali pelos 10, 11 anos e vai até os 13, 14 quando, principalmente as meninas, chegam a ficar no chuveiro até o ponto em que a gente, desesperada, quase coloca a porta abaixo porque, meu Deus, deve ter caído e batido a cabeça e morrido para sempre, amém! E quando finalmente elas abrem a porta e surgem de dentro de um denso vapor, olhos revirados e pele escaldada, irritadíssimas," que escândalo, você não respeita a minha privacidade "e por aí vai...me vem à memória como eu era naquela idade e naqueles tempos, tão idos, que parecem fazer parte de uma outra vida, descolada de mim.
A brincadeira era na rua e, desde que obedecêssemos a ordem pré determinada de entrar em casa assim que escurecesse, a coisa fluía... era lavar as mãos para jantar (jantávamos todos os dias juntos) mas ninguém podia se servir antes do pai, e o meu exercia uma autoridade mais de olho, de conversa, mas ela estava ali invisível e presente, e a gente respeitava. Depois tinha que escovar os dentes e lavar os pés, precisando ou não, Passáramos a tarde brincando de polícia e ladrão de pés descalços na poeira da rua de chão batido e nossos pés eram uma lástima. Lembro que a criançada sempre queria ser do time dos ladrões porque tinha muito mais graça. Dava para se esconder no campinho de samambaias e os polícias ficavam bastante tempo procurando. Quase como nos dias de hoje, se bem que a coisa anda meio confusa ultimamente.
Penso que normas elementares de higiene pessoal, de educação, de respeito aos mais velhos e de cuidado com brinquedos e pertences pessoais devam ser impostas às crianças, com autoridade e sem questionamentos. Precisamos repeti-las à exaustão até que façam parte da vida e do dia a dia.
Pode parecer bobagem, mas não é, e não é pouco. E crianças são todas iguais, as de ontem e as de hoje, mesmo que não pareça.
Nenhum comentário:
Postar um comentário