domingo, 28 de agosto de 2016

Comprometimento e Foco

 Foi ontem, e foi um sucesso, o evento organizado pelos responsáveis e pelos alunos cantores do Papo Coral, grupo infanto-juvenil da  Paidéia Escola de Música de Curitiba. O programa começou bem e, desconfio que por isso mesmo, acabou melhor.

Almoço preparado por mãos competentes, tudo foi feito para ser muito bom.
Das folhas orgânicas, das berinjelas, dos pães -caseiros - que chegaram quentinhos à mesa, até as massas e molhos e bebidas e sobremesas e café - o padrão ficou lá em cima - onde fica tudo que é feito com cuidado e capricho.

Mesinhas charmosas com toalha xadrez, arrumadas pelos cantores do Papo, deram o toque alegre no dia azul que teve a cumplicidade luxuosa da nossa Curitiba, meio instável, mas que revelou-se amante da música. O espaço, perfeito, foi gentilmente oferecido pela avó de uma das meninas. Ah, as avós! que, com a lida da vida, já sabemos o que vale a pena.

E teve cantoria, como não poderia deixar de ser, e bingo e venda de bolos e doces e fluiu, o tempo todo, a alegria boa que brota da parceria. Grupo heterogêneo, diversificado e, por isso mesmo, estimulante e enriquecedor, trabalha com o objetivo comum de levantar fundos para viabilizar a viagem do Papo Coral para a Itália em 2017. Vem mais coisa por aí. Aguardem!









quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Sobre Enganar e Iludir / Três Textos Breves.

Primeiro Texto

Antigamente existiam golpes nos quais incautos "compravam", por pechinchas, monumentos históricos, pontes famosas e afins. Eram aplicados " à larga", tanto que viraram piada nacional. Com o tempo foram substituídos por vendas de "bilhetes premiados de loteria" e outros golpes similares. Têm, em comum, além da ingenuidade da vítima, a sua pretensa "esperteza". O indivíduo entra de gaiato, mas pensa que está levando uma enorme vantagem. Quando percebe a furada, geralmente fica quieto porque sente vergonha de ter sido tão tolo.

Segundo Texto

Hoje, com a tecnologia à disposição do bem e do mal, as coisas ficaram mais sofisticadas. Os golpes são mais sutis e arriscados para os meliantes, o que não os impedem de agir. Correm mais riscos, mas confiam no talento que têm de enganar e iludir. Dia desses eu mesma caí em um golpe, moderno, no banco onde tenho conta à 40 anos. Um meliante, portando  "crachá", se colocou à minha disposição para me auxiliar. Cheguei a argumentar que sabia usar os terminais de auto atendimento e que só pretendia fazer um saque de R$ 150,00. Me tirou R$ 3.000,00. Percebi, quase imediatamente, que fora vítima de um golpe. À partir daí começou o calvário. E toca a falar com o gerente, explicar o passo a passo, fazer B.O. na Delegacia de Estelionato, voltar ao Banco, escrever, de próprio punho, a história para ser anexada ao que já tinha sido narrado na Delegacia. Foram horas de idas e vindas, explicações e espera. Tenho que aguardar 30 dias para a decisão do Departamento Jurídico do Banco. Tive de cobrir o saldo negativo que ficara na minha conta por conta dos juros, que estaria pagando à partir daquele dia. É como se fosse um segundo assalto, agora, institucionalizado.
O sentimento é de humilhação e de vergonha, por ter sido crédula e tola. A diferença, enorme, em relação ao primeiro texto é que eu não pensei que estava levando vantagem nenhuma. Cheguei a pensar - e só aqui admito a minha ingenuidade - que o banco estava com uma política nova, de tratar os idosos com mais cuidado e consideração.
Foi um daqueles casos de estar no lugar errado na hora errada. Acontece.

Terceiro Texto

Muito mais difícil e de custo não mensurável em dinheiro e, por isso mesmo, muito mais caro, é quando convivemos -  às vezes por anos, e até por décadas - com pessoas assim, que sentem prazer em enganar e iludir e  não percebemos porque confiamos cegamente nelas.
Como no Banco, onde precisamos cobrir o negativo da conta porque - bem ou mal - fomos nós que liberamos o crédito ao meliante oportunista, na vida também fomos nós que nos deixamos enganar, então esta é, também, uma dívida nossa.
A diferença, aqui, é de que somos nós os credores da nossa própria dívida e é conosco mesmo que devemos fazer o acerto.


terça-feira, 9 de agosto de 2016

De "Sem Glúteo" a "Tipo Virgem"

No rótulo do pacotinho de biscoito de polvilho destacava-se a informação de que o produto "não contém glúteo" o que me deu um alívio imenso porque, apesar de matéria prima que abunda (e não peço perdão pelo trocadilho) nos quatro cantos desse mundão de meu Deus, calculo que a logística de colocar, mesmo que ínfimas porções de glúteo em biscoitos de polvilho seja tarefa dificílima e altamente onerosa, o que impossibilitaria a demanda do biscoito, barato e corriqueiro. Além disso, seria crime, não? Enfim, que alívio!!

No entanto, qualquer um de nós que saia para comprar azeite de oliva em qualquer local que comercialize o produto, encontra prateleiras cheias de versões baratas, de marcas bem conhecidas ou não, onde a informação é de que o produto é do "Tipo Extra Virgem" ou do "Tipo Virgem".
Não sou profunda conhecedora de como se fabrica azeites, mas, grosso modo, sei que o extra virgem é extraído das azeitonas em uma primeira prensagem mecânica, à frio, o que resulta em um óleo de baixíssima acidez. São azeites bons e bem mais caros do que os que citei acima. O que não entendo é o que significa a expressão "Tipo Virgem" ou, pior ainda "Tipo Extra Virgem". Ou é virgem ou não é!

Na questão do "glúteo" penso que a pessoa responsável pelo texto no rótulo estava distraída com outros assuntos ou não sabe a diferença entre glúteo e glúten. Ou foi distração ou ignorância.

Em relação aos azeites descarta-se, de imediato, a possibilidade de haver distração porque aparece em muitas marcas, e também não é ignorância, pelo mesmo motivo. Sendo assim, sobra a alternativa de que seja simples má fé.



quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Outra Festa de Babette !

O filme dinamarquês de 1989, "A Festa de Babette" celebra o prazer à mesa. Quem já assistiu sabe que a heroína do filme teve de se esconder numa aldeia perdida por um pecado que não nos interessa aqui. E que, tendo ganho um dinheiro inesperado, gastou tudo em um banquete que preparou para as pessoas da aldeia. E foi um congraçamento, uma comunhão em torno à mesa que alegrou todos os comensais.

Dias atrás participei de um jantar de alegria e muita felicidade. Todas estávamos na intenção de dar o nosso melhor. Já chegamos rindo, felizes com a perspectiva do que nos esperava. Fomos recebidas por uma anfitriã de sorriso franco e com cozinha perfumada de alecrim.

À partir dali, as engrenagens do bom convívio começaram a se mover, azeitadas do jeito certo. Virou um afã! Enquanto uma auxiliou na panela do risoto, a outra, especialista em drinques começou, de imediato, a preparar o Negroni, sua especialidade. Outras foram atrás de taças e copos para os brindes que se repetiram e repetiram sempre com novas intenções. Comida farta, preparada com a exatidão conseguida por anos de prática, tudo estava perfeito. Tudo estava muito bom. Todas estavam á vontade. Como tinha muito de tudo, e sem nenhuma cerimônia e nenhum constrangimento, trouxemos o que sobrou. De sanduichinhos presos com fitinhas de cetim, até maionese de camarão e
e pedaços, generosos, de salmão.

Penso que reuniões assim acontecem à partir da percepção que aprendemos a ter do outro, do cuidado e atenção com o jeito de cada um. Aprendemos, de nós, quando percebemos o nosso entorno. Temos de entrar com a pontinha dos pés, com cuidado e devagarinho... e usar nossa prática de viver em benefício próprio, porque é para ficar feliz e nos divertir que acolhemos o outro. Já aprendemos que todos temos algo a dar que acrescenta e enriquece.