Primeiro Texto
Antigamente existiam golpes nos quais incautos "compravam", por pechinchas, monumentos históricos, pontes famosas e afins. Eram aplicados " à larga", tanto que viraram piada nacional. Com o tempo foram substituídos por vendas de "bilhetes premiados de loteria" e outros golpes similares. Têm, em comum, além da ingenuidade da vítima, a sua pretensa "esperteza". O indivíduo entra de gaiato, mas pensa que está levando uma enorme vantagem. Quando percebe a furada, geralmente fica quieto porque sente vergonha de ter sido tão tolo.
Segundo Texto
Hoje, com a tecnologia à disposição do bem e do mal, as coisas ficaram mais sofisticadas. Os golpes são mais sutis e arriscados para os meliantes, o que não os impedem de agir. Correm mais riscos, mas confiam no talento que têm de enganar e iludir. Dia desses eu mesma caí em um golpe, moderno, no banco onde tenho conta à 40 anos. Um meliante, portando "crachá", se colocou à minha disposição para me auxiliar. Cheguei a argumentar que sabia usar os terminais de auto atendimento e que só pretendia fazer um saque de R$ 150,00. Me tirou R$ 3.000,00. Percebi, quase imediatamente, que fora vítima de um golpe. À partir daí começou o calvário. E toca a falar com o gerente, explicar o passo a passo, fazer B.O. na Delegacia de Estelionato, voltar ao Banco, escrever, de próprio punho, a história para ser anexada ao que já tinha sido narrado na Delegacia. Foram horas de idas e vindas, explicações e espera. Tenho que aguardar 30 dias para a decisão do Departamento Jurídico do Banco. Tive de cobrir o saldo negativo que ficara na minha conta por conta dos juros, que estaria pagando à partir daquele dia. É como se fosse um segundo assalto, agora, institucionalizado.
O sentimento é de humilhação e de vergonha, por ter sido crédula e tola. A diferença, enorme, em relação ao primeiro texto é que eu não pensei que estava levando vantagem nenhuma. Cheguei a pensar - e só aqui admito a minha ingenuidade - que o banco estava com uma política nova, de tratar os idosos com mais cuidado e consideração.
Foi um daqueles casos de estar no lugar errado na hora errada. Acontece.
Terceiro Texto
Muito mais difícil e de custo não mensurável em dinheiro e, por isso mesmo, muito mais caro, é quando convivemos - às vezes por anos, e até por décadas - com pessoas assim, que sentem prazer em enganar e iludir e não percebemos porque confiamos cegamente nelas.
Como no Banco, onde precisamos cobrir o negativo da conta porque - bem ou mal - fomos nós que liberamos o crédito ao meliante oportunista, na vida também fomos nós que nos deixamos enganar, então esta é, também, uma dívida nossa.
A diferença, aqui, é de que somos nós os credores da nossa própria dívida e é conosco mesmo que devemos fazer o acerto.
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