quinta-feira, 7 de janeiro de 2021

Palavras Em Desuso e Neologismos.

As palavras passam por transformações. Isso acontece porque a língua é viva e muda de acordo com os hábitos e costumes da sociedade. Para usar uma expressão bem "da hora" elas sofrem releituras e são substituídas por outras, com o mesmo significado. 

Palavras são esquecidas quando deixam de ser usadas. Continuam a existir apenas nos dicionários porém, nada nos impede de resgatá-las. Neologismos surgem o tempo todo. O start  para este texto foi a palavre "chiste", usada com graça por uma amiga. Comentei com ela que algumas palavras nos situam no tempo com a precisão de um documento. Concordamos que "chiste não é do nosso tempo." Deste diálogo surgiu o texto a seguir, com palavras em desuso. A maioria delas, esclareço, saíram de moda muito antes de termos nascido. Você e eu, óbvio.                                                                              Vamos ao episódio formatado na cachola, o que me faz lembrar de bestunto, palavra muito usada pelo meu sogro que, aliás, tinha um intelecto brilhante. 

Assuntamos de marcar uma tertúlia, um convescote ao ar livre porque este flagelo está nos impedindo de ir às ruas. Consideramos a ideia de fazer um piquenique num parque e alternar o coloquio - quiçá com um jogo de víspora e uns goles de licor - nada que se assemelhe a uma carraspana. Afinal, não somos sirigaitas dadas à fuzarcas inconvenientes.

Espevitadas, formamos um grupo de whatsapp para organizar o sarau. Nosso grupo é pródigo em artes. O esboço do encontro ficou mais ou menos assim: Um pouco de cantoria, outro de teclado, alternados com leituras e análises da conjuntura. Calculamos que a parte artística dar-se-ia na primeira hora. Nem um minuto a mais. As outras três seriam dedicadas aos assuntos gerais.

Quitutes, os clássicos. De bebida, além dos licorosos, um espumante para louvar o ano que começa e agradecer por ter chegado até aqui. Vinho também, é claro. E umas cervejinhas para as adeptas.

Nosso plano ruiu assim que tentamos executá-lo. Foi uma chapoletada, um balde de água fria! O nosso plano supimpa foi impedido pelos filhos que, percebendo a balbúrdia tiveram um faniquito, nos deram um esculacho, sonegaram a nossa galinha com farofa. Foi um quiproquó!  Vocês acham que somos doidivanas? Nada de aglomero, rígido distanciamento social, álcool em gel o tempo todo, ficaremos de máscara. Vão comer de máscara? E beber? Foi um bate-boca.                                      

Nossa reação foi mixuruca. Os argumentos, frouxos. Vocês criam um balacobaco por qualquer mixórdia. Eles, firmes. "Tá louca, mãe!"

Forçadas a contingenciar o plano, impedidas de ir ao parque, completamente impossibilitadas de ir a um boteco dividir vida e petiscos, alteramos o lugar mas mantivemos o encontro. Partimos para o plano B.

Deletado o plano impossível decidimos pelo encontro on line. Compartilhado o link da plataforma digital, era só esperar a hora marcada. Quase esqueço de dizer que o encontro foi alongado. Até que todas conseguissem linkar, clicar e aparecer na tela gastou-se uma hora inteira.

Nosso piquenique virtual foi um sucesso! Sem galinha com farofa. Nem fez falta.

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