segunda-feira, 26 de novembro de 2018

A Sacola

"Um sorriso pleno, um amor sereno,
  E tudo que o tempo me der."
                                  Lenine

                                       


Ele chegou todo riso e lhe entregou um pacote e disse é pra você!
Ela tirou da sacola e não disse - não precisava

Um bilhete um bombom um chapéu de camelô são  miudezas felizes
que deixam mulher contente porque contam de quem dá.

E enchem de relevância o modo como são vistas
Por isso que a camisola - a que estava na sacola  - agradou tanto a mulher

Lembrou doutra que ganhara depois de um parto no inverno, que foi útil, era quentinha,
rosadinha, de pelúcia

e casta como são as mães e as virgens.

E se não as separassem esta é a de casar, essa me dá tesão, se vissem em uma só o tudo que têm para dar, porque mulher é assim, quando sente a mais valia se multiplica em milhão

Nas coisas do dia a dia ela tem tempo pra tudo quando se sabe importante,
mesmo que o resultado demore muito - ou não venha - se foi bem bem feito tá pago.

E os massacres do dia a dia ficariam para trás assim que o sol fosse embora.

Porque mulher acolhida, bem amada bem querida mostra querer e amor ao amor de sua vida.
Abra um vinho, ligue o som, a convide pra dançar, abuse de um bom bolero e desligue o celular.

Se tiver recurso ou ela, não importa de onde venha, organize uma viagem, olhar o mundo é tão bom!
Viajem juntos, portanto, em casa e em destinos...
Garanto que as rotinas, as que massacram o amor cumprirão sua função:

Existem para que - se atente e se construa - o que faz  felicidade.

  

quinta-feira, 1 de novembro de 2018

Qual é a Sua Opinião?

Nem tudo o que é novo é bom porque é novo
E nem tudo que é velho é ruim porque é velho.
                                                   Ditado Popular

Quando eu tinha uns 12/13 anos havia, na escola, a época dos questionários. Sazonal como as estações, gosto de acreditar que surgia com a primavera porque, com as flores, nos ajudava a desabrochar para a vida. Em um caderno comum fazíamos umas 15/ 20 perguntas que eram respondidas pelos colegas. Os da sala e os das outras séries do colégio. Iniciativa feminina, o foco era saber das preferências dos meninos. Os questionários serviam de passaporte para os afetos, possibilitavam as primeiras paixonites, nos jogavam no inferno das profundas desilusões amorosas.

Levávamos o caderno pra casa e no outro dia devolvíamos, respondido. As perguntas eram inocentes como preferência de cor, de filmes, de comidas, esportes, quais os livros que gostava, o que desejava para o futuro e as mais pessoais, se estava gamado (a) por  alguém, se podia dizer por quem e, a última e mais eletrizante  era  "já beijou alguém, pode dizer quem? "
Como sempre, os adolescentes mais populares eram os mais requisitados e tinha os que nunca eram convidados a responder o questionário de ninguém, um bullying que fazia um estrago danado na auto estima da gente.

Lembrei disso porque perguntei a uma pessoa muito, muito próxima a sua opinião sobre o que faz uma pessoa querer ficar com a outra. A resposta me surpreendeu profundamente. O que me fez perceber o quanto projetamos no outro as nossas convicções. Estranhei a resposta porque supus que ela viria alinhada com os meus próprios conceitos. Entendi mais de mim do que dela que, afinal, foi coerente. E compreendi que podemos passar a vida inteira juntos, sem conhecer as pessoas com quem convivemos.

Nesses tempos em que somos bombardeados noite e dia por milhares de informações contraditórias, em que  temos opiniões muitas vezes ferozes sobre tudo - e todo mundo grita e ninguém escuta - penso que o velho questionário tinha uma característica revolucionária. Aprendíamos a perguntar e nos interessava a opinião dos colegas. No exercício da pergunta, praticávamos a resposta, descobríamos o que nos importava e aprendíamos a construir o adulto que viríamos a ser.

Eram as meninas que faziam o jogo andar e se não tivéssemos abandonado a prática do questionário, nós, mulheres, evitaríamos sofrimentos e dissabores em todos os tipos de relações que iniciamos - e terminamos - pela vida. Deveríamos ter mantido o hábito de perguntar e de responder, num passo a passo contínuo que nos manteria próximas de nós.
Qual a sua opinião sobre comprometimento?
E o que você considera que seja traição ?
E de lealdade, o que você pensa?
Como você acredita que se constrói confiança?

Atualizando as respostas de velhas perguntas e atentas as novas questões que surgem o tempo todo, teríamos mais discernimento para ficar - ou sair -  de acordo com o que somos. Nos conhecendo não nos confundiríamos com ninguém. Seria mais fácil e muito melhor para todos.
E caberia  a mais importante e menos lembrada, a mais desprezada das perguntas:
Quais são os seus sonhos? O que você tem feito  para torná-los realidade?

O bom disso tudo é que sempre é tempo de começar....