quinta-feira, 1 de novembro de 2018

Qual é a Sua Opinião?

Nem tudo o que é novo é bom porque é novo
E nem tudo que é velho é ruim porque é velho.
                                                   Ditado Popular

Quando eu tinha uns 12/13 anos havia, na escola, a época dos questionários. Sazonal como as estações, gosto de acreditar que surgia com a primavera porque, com as flores, nos ajudava a desabrochar para a vida. Em um caderno comum fazíamos umas 15/ 20 perguntas que eram respondidas pelos colegas. Os da sala e os das outras séries do colégio. Iniciativa feminina, o foco era saber das preferências dos meninos. Os questionários serviam de passaporte para os afetos, possibilitavam as primeiras paixonites, nos jogavam no inferno das profundas desilusões amorosas.

Levávamos o caderno pra casa e no outro dia devolvíamos, respondido. As perguntas eram inocentes como preferência de cor, de filmes, de comidas, esportes, quais os livros que gostava, o que desejava para o futuro e as mais pessoais, se estava gamado (a) por  alguém, se podia dizer por quem e, a última e mais eletrizante  era  "já beijou alguém, pode dizer quem? "
Como sempre, os adolescentes mais populares eram os mais requisitados e tinha os que nunca eram convidados a responder o questionário de ninguém, um bullying que fazia um estrago danado na auto estima da gente.

Lembrei disso porque perguntei a uma pessoa muito, muito próxima a sua opinião sobre o que faz uma pessoa querer ficar com a outra. A resposta me surpreendeu profundamente. O que me fez perceber o quanto projetamos no outro as nossas convicções. Estranhei a resposta porque supus que ela viria alinhada com os meus próprios conceitos. Entendi mais de mim do que dela que, afinal, foi coerente. E compreendi que podemos passar a vida inteira juntos, sem conhecer as pessoas com quem convivemos.

Nesses tempos em que somos bombardeados noite e dia por milhares de informações contraditórias, em que  temos opiniões muitas vezes ferozes sobre tudo - e todo mundo grita e ninguém escuta - penso que o velho questionário tinha uma característica revolucionária. Aprendíamos a perguntar e nos interessava a opinião dos colegas. No exercício da pergunta, praticávamos a resposta, descobríamos o que nos importava e aprendíamos a construir o adulto que viríamos a ser.

Eram as meninas que faziam o jogo andar e se não tivéssemos abandonado a prática do questionário, nós, mulheres, evitaríamos sofrimentos e dissabores em todos os tipos de relações que iniciamos - e terminamos - pela vida. Deveríamos ter mantido o hábito de perguntar e de responder, num passo a passo contínuo que nos manteria próximas de nós.
Qual a sua opinião sobre comprometimento?
E o que você considera que seja traição ?
E de lealdade, o que você pensa?
Como você acredita que se constrói confiança?

Atualizando as respostas de velhas perguntas e atentas as novas questões que surgem o tempo todo, teríamos mais discernimento para ficar - ou sair -  de acordo com o que somos. Nos conhecendo não nos confundiríamos com ninguém. Seria mais fácil e muito melhor para todos.
E caberia  a mais importante e menos lembrada, a mais desprezada das perguntas:
Quais são os seus sonhos? O que você tem feito  para torná-los realidade?

O bom disso tudo é que sempre é tempo de começar....








2 comentários:

  1. Lembrança interessante. Eu nunca respondi a esses questionamentos na escola. Talvez tenha feito falta.
    Você sempre coloca muito bem suas ideias e lembranças.

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