quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Tempo de Perguntar

Primeira geração de mulheres que chega à maturidade após as grandes conquistas do feminismo e dos avanços da medicina, não nos enquadramos nos esteriótipos das vovós que - e apenas uma geração nos separa - foram nossas mães. Elas tinham destino traçado. Cuidavam da família e depois cuidavam dos netos, também. Ninguém  perguntava o que queriam e como se sentiam - nem elas!
O que mais nos distancia da geração de nossas mães é justamente isto, temos planos e urgência em realizá-los, mas a nossa pressa obedece a um ritmo próprio, sem afobação. Queremos, principalmente, nos divertir.

É tempo de fazer perguntas que nos ajudem a viver com mais qualidade e com mais prazer. A primeira que devemos fazer é "Com Quem Quero Sair Para Passear?" Quem, dentre os afetos antigos, que ficaram, e os novos, que chegaram, é a melhor companhia para repartir alegrias? Discutir um filme? Repartir risos, jogar conversa fora, ir pra Paris, tomar um chopp na esquina? Trocar felicidade, enfim?

A qualidade das trocas que só bons relacionamentos proporcionam é um bônus que colhemos na maturidade. É cumulativa, não aparece de uma hora para a outra, é resultado de anos de escolhas que fazemos ao longo da vida. Fomos treinando, com a lida, para perceber o que nos deixa mais felizes e criamos vínculos com as pessoas que têm uma troca boa conosco. Trocar é uma estrada de mão dupla. Precisamos acolher para ser acolhidos. Muitos nos queixamos da sensação de invisibilidade. Sentimento democrático, atinge homens e mulheres em todos os extratos sociais e culturais. Já achei pior, hoje penso que ruim mesmo é quando não nos enxergamos, quando não percebemos quem somos e o que queremos, aí sim, teremos um grande problema.






























segunda-feira, 19 de setembro de 2016

O Nome Novo da Cor

As cores são usadas, no mundo inteiro, como símbolo e representação. Países são reconhecidos pelas cores da sua bandeira, instantaneamente. Colégios, clubes, times esportivos etc ... são identificados pelas cores. A paz é branca, o luto quase sempre é preto e o mundo é colorido. A vida sem cor seria uma tristeza.
 As cores são usadas para alavancar vendas em todos os setores da indústria. Vamos focar na MODA.

Os estilistas de moda precisam criar novidades a cada coleção e eleger a cor da estação é uma poderosa estratégia de vendas. Escolhida a cor do ano é preciso despertar, nos consumidores, o desejo por ter uma roupa naquele tom. E o que eles fazem?
Mudam o nome dela! Mudam o nome da cor! Suponhamos que a roxa seja a escolhida. Você quer uma roupa roxa? Pois é, nem eu. E nestes tempos de alimentação saudável, de orgânicos, de sementes e vegetais, nada é mais TOP do que a berinjela. Associa-se saúde com moda. As pessoas comem berinjela e vestem berinjela. São modernas e saudáveis.

Há alguns anos inventou-se off-white, que já se tornou um clássico. Imagino minha mãe, categórica: "branco encardido, isso sim!" Mas ajuda a economizar porque uma camisa branca tem uma boa sobrevida sem fazer feio. Com o uso vai-se transformando em off-white. Acho que é por isso que a cor pegou.
E o nude? Aqui a mudança foi mais profunda, fundiu, em um nome só, cores e tecidos, juntou os bejes, cremes, areias, tons que apareciam em cetins e tafetás e que serviam para forros ou lingeries de uso exclusivo nas intimidades, e passou a desfilar em tapetes vermelhos, em bailes e festas, chiques, escorregadios e desinibidos e me pergunto: o forro dispensa forro?

Sem falar nos cinzas, que já começam em 50 tons. Mas isso é outro assunto.

quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Dos Livros Que Não Roubei

Tenho uma amiga que me empresta livros. Dia desses me veio com um, fininho, e disse  "esse você lê de uma pegada só". Li em duas. Livro denso, daqueles que entram direto e fazem liga com o que conhecemos, trata dos desencontros, do nunca dito, do que se supunha que seria... uma sucessão de equívocos e de mal - entendidos. Conta a história de um jovem casal que se separa, definitivamente, na própria noite de núpcias, onde cada um, no início dos anos sessenta - sujeitos à regras definitivas - segue a cartilha do comportamento "esperado". Cada um no seu papel. Foi um desastre e uma tragédia que entristeceu e atormentou a vida de ambos.

Inexperientes e desajeitados - onde um não teve culpa o outro não teve razão  - ambos foram vítimas dos tabus que infernizam a vida. Se tivessem se dado o tempo de que precisavam, o episódio poderia ter se transformado em uma lembrança divertida na vida de ambos. Não conseguiram. Nunca mais se falaram. Riscaram-se, mutuamente, um da vida do outro. Não passavam mais por caminhos percorridos juntos, alegres e felizes. Não frequentaram, nunca mais, os lugares onde estiveram. E esse evitar consciente serviu para manter a mágoa viva. Tornaram-se, um na vida do outro, uma ausência mais presente do que se estivessem juntos. Foram vítimas, também, da própria rigidez. Como nunca conseguiram conversar sobre o que ocorrera, a coisa ficou assim, mal resolvida, e a página nunca foi virada.

É um alívio saber que tabus foram sendo derrubados, um a um, e os preconceitos são combatidos e condenados todos os dias. Os costumes mudam, o certo de ontem não é mais o de hoje e quanto mais conseguirmos reavaliar certezas e até mudar de opinião, mais teremos ferramentas para ir tocando a vida. Talvez, com o tempo, consigamos resolver as pendências que foram ficando pelo caminho - e, se não for possível com os desafetos - é imprescindível ter flexibilidade para "ficar de bem" conosco mesmos. E virar a página.

 










 






sábado, 10 de setembro de 2016

Fragmentos de Conversas.

Dos pedaços de conversas que ouvimos, ao cruzar com outros caminhantes, alguns despertam tanto o meu interesse que tenho de me conter para não dar meia volta e ir atrás dos falantes para, disfarçadamente, me inteirar do desfecho do assunto. Dia desses, caminhava pelas calçadas da rua onde moro quando cruzei com duas pessoas que falavam sobre aulas de meditação. Dizia uma - ele é bárbaro, amei! E a outra - sabia que você ia adorar porque... e eu, consternada, não consegui ouvir mais nada ...

Assunto pelo qual tenho curiosidade, suponho que a pessoa que se dedica a dar estas aulas tenha formação que a capacita a aplicar técnicas que induzam o aluno a meditar. Até aí tudo bem. Mas o que é meditar? Como sabemos que estamos meditando? Procurei me informar sobre o assunto e concluí que meditar é -  aplicando técnicas de relaxamento, conseguir concentração suficiente para, desligados do burburinho do nosso entorno, refletir e ponderar na busca do auto conhecimento. Os professores entram para ajudar a nos recolher e apaziguar o espírito. Mas, a partir desse estágio, o serviço fica por nossa conta e risco. Meditar é uma atividade de dentro para fora. É a partir de quem somos, do que temos e no que cremos que encontramos os conteúdos para a meditação.

Não vejo meditação como um  "Curso" com começo meio e fim. Penso que é algo que incorporamos na vida do dia a dia e que nos ajuda - a partir de nossas verdades e das nossa convicções - a viver melhor, conosco e com o outros.








sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Velhos Ditados Novas Leituras

"Quem Planta Colhe"

Nem sempre. Às vezes perde-se toda a safra pelos mais variados motivos. Excesso de chuva ou falta dela, frio ou calor em horas erradas, pragas, etc...etc...
Todo mundo que planta sabe disso, no entanto continua a plantar e planta de novo porque é aquilo que sabe e é aquilo o que faz. Quem planta, persevera. Perde-se uma safra hoje, ganha-se outra amanhã.
É da lida, compensa e equilibra.

"Aqui se Faz Aqui se Paga"

Concordamos que a conta existe e persiste até que seja paga, porém, às vezes, acontece que o sujeito que paga nem sempre é o mesmo que contraiu a dívida. O que observamos é que esta dinâmica é como uma onda, então chega a hora em que alguém paga a fatura do cara que pagara a dívida que não era sua e o equilíbrio se restabelece.
O importante é continuar abrindo e pagando contas que, mesmo não sendo nossas, são "de nossa conta".
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"Não é Bom Fechar Portas"

Aqui também a coisa é relativa. Fechar algumas portas, às vezes, é indispensável para que recuperemos a posse da própria casa. Quando deixamos muitas portas abertas na intenção de entrar e sair a qualquer momento, esquecemos o que elas encerram, o motivo de estarem abertas.
É importante  perceber quais as portas que queremos que fiquem abertas para que o ar circule e traga frescor ao ambiente. Só por isso é devem ficar abertas. Do contrário são como aquelas portas que rangem nas dobradiças enferrujadas e ficam batendo e batendo num ir e vir torturante.

"Foi a Gota D'Água" 

Controverso porque incompleto - identificamos a gota que transborda o copo - mas não percebemos que aquela é a mesma que liquida o assunto. Seguimos com o copo cheio derramando água, molhando o chão e escorregando na poça que nós mesmos criamos. Seguimos com o copo cheio tentando um equilíbrio impossível, fazendo malabarismos que nos tolhem os movimentos porque nos deixa com um braço só para fazer todo o resto.

"Quem Tudo Quer Tudo Perde"

Ditado que encerra em si um equívoco. Quem tudo quer não perde nada porque nada tem.