Longe muito longe
Mas bem dentro aqui"
Trilhos Urbanos
Caetano Veloso
Das palavras que viram moda e são usadas sem muito critério penso que desapego
é uma das mais empregadas em ocasiões em que não cabe usá-la. Quando "damos embora " o que não nos serve mais estamos sendo práticos e organizados. Nossa casa funciona melhor e ainda ajudamos outras pessoas que farão bom uso do que nos atravancava os armários. Dá trabalho e nos faz bem, mas não muda a nossa maneira de sentir e nem o jeito como levamos a vida. Não creio que isso seja desapego.
O desapego transforma e rearranja o rumo da caminhada.
Penso que é a Maturidade que nos possibilita as condições favoráveis ao exercício dos desapegos. Acho tolos eufemismos do tipo "Melhor Idade" como referência à faixa etária na qual me incluo. Assim como não me agrada "Terceira Idade" e afins... Estamos envelhecendo bem, nós, os nascidos nos entornos dos anos de 1950 e somos ativos e atuantes no nosso tempo de agora. Se formos maleáveis e curiosos, criamos condições de manter uma vida boa.
Me dou conta de que, do costume que tenho de pensar palavras que expressem melhor o que sinto e, de posse delas, vertê-las de mim para que eu mesma faça sentido, comecei um novo oficio - este - de escrever, que liberta e acrescenta. Sempre é tempo para novos começos...
Na poesia linda que é a letra de Trilhos Urbanos, Caetano Veloso canta a sua " Santo Amaro natal" e nos alerta que a nossa essência trazemos conosco. Mesmo que o tempo e a lida da vida nos faça esquecer do que guardamos de melhor, chega o dia em que, libertos do que não mais nos cabe - ela - nossa essência - brota, e nos preenchemos do que de fato somos.