"Eu vim com pão, azeite e aço;
Me deram vinho, apreço, abraço:
O sal eu faço."
(Millôr Fernandes in HAI-KAIS)
Livrinho de bolso que ganhei de presente do meu filho, os HAI-KAIS, do Millôr, têm lugar cativo na minha cabeceira. Está à mão, junto com outros que ganhei de gente que me conhece e me quer bem. Gosto de relê-los - aleatória - nas madrugadas de insônias eventuais. Tenho recortes de jornais, de crônicas e ensaios, abastecida que sou por amigos que a vida colocou no meu caminho conforme a absoluta máxima de que Deus, o Generoso, escancara amplas janelas onde a vida fechou portas estreitas. Leio um pouco e depois durmo outra vez, cada vez mais convicta de que quem gosta de um bom livro sempre estará na mais fina companhia.
São diversificados os prazeres da maturidade.
A mais elementar regra de economia, já dizia meu pai, nos ensina que o mercado é regulado pela lei inflexível da "oferta e procura". Se adaptarmos este conceito a nós, os maduros, veremos que a oferta de que dispomos - o tempo - é menor do que a procura do que ainda queremos. O que podemos fazer, numa análise objetiva dos recursos, já escassos, de que dispomos? Creio que um bom começo é perceber o que nos interessa e nos alegra e, como não podemos perder o foco, para não desperdiçar nosso "ativo precioso", precisamos agir imediatamente na defesa dos nossos interesses. Como começar?
São urgentes os prazeres da maturidade.
Penso que a primeira atitude seja a de parar de nos explicar e de nos justificar num esforço inútil de convencer quem quer que seja de que somos corretos e leais. De que somos confiáveis e de que temos um robusto retrospecto de exemplo, de coerência e de decência. Não temos" boas intenções". Somos pessoas boas. Não precisamos provar nada pra ninguém, mas devemos nos tratar com gentileza.
Se for necessário explicar o que fizemos ou deixamos de fazer estamos nos desperdiçando.
Bons amigos e bons amores não precisam de explicações. São relações de confiança recíproca.
São confortáveis. Dão paz. Trazem alegria.
São equilibrados os prazeres da maturidade.
Máximas preciosas extraídas de preciosas vivências!
ResponderExcluirBrilhante texto. Parabéns!
Parabéns, Clévia !! Maturidade bem vivida, no dia a dia e na poesia! Abraço fraterno.
ResponderExcluirAh! As vivências que nos moldam e modificam como precisam ser internalizadas para que a mudança aconteça!
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