domingo, 9 de maio de 2021

Dias das Mães Diferente

No suspense em que estamos, neste compasso de espera até que "tudo isso  passe",  acreditei que a dor no meu braço, antiga, fosse embora também.  Até que não suportei mais e fui ao médico em meados de abril. Quando, por mais leiga que eu seja, li o resultado da RM, entendi que a encrenca era séria. Nessa altura, já tinha sido encaminhada para o cirurgião de ombro. 

Aguardo, na fila, a chamada do hospital para fazer a cirurgia. A demanda por anestésicos é muito grande e os hospitais só fazem cirurgias eletivas quando as internações de pacientes graves de COVID baixam o suficiente para regular os estoques. Até chegar a minha vez preciso de ajuda. Não consigo fazer quase nada sozinha. Premida pela realidade, aprimoro a minha paciência.

Meus filhos organizaram um sistema de revezamento onde cada um fica comigo uma semana. Não sei quanto tempo precisarei de auxílio até que volte a ter autonomia. Eu moro em B.Camboriú, dois moram em Curitiba e uma em Lisboa, que já chegou.

Combinaram entre si e me comunicaram a escala. Estar no lugar de ser cuidada é, acredito que pela maioria das mulheres, principalmente as da minha geração, estranho e difícil. Não estamos acostumadas a receber sem protestar, somos meio rebeldes, autossuficientes. Eu tenho orgulho de dizer que me viro sozinha porém, neste momento, isto não é verdade. A filha que foi embora ontem ficou a semana inteira e me deixou sopas e comidinhas no freezer.

Hoje à tarde chegam meu filho e minha neta que me assegurou que cresceu e está qualificada para me ajudar. Cresceu mesmo, a minha menina, é de maio como eu e vai fazer dezessete anos. 

Vou almoçar com meu irmão. Não nos vemos há bastante tempo e aceitei o convite dele com alegria. Restamos nós dois, da nossa família de seis. A que construí não se encaixa no modelo da família perfeita da propaganda de margarina. No entanto, vibramos com os sucessos uns dos outros e não medimos esforços para nos socorrer quando as circunstâncias exigem. Cada um de nós vive de acordo com as próprias escolhas. Raramente estamos juntos no almoço de domingo porque moramos em cidades diferentes. 

No Natal fazemos de tudo para juntar a nossa pequena família inteira. No natal passado não foi possível. A pandemia impediu que a filha que mora fora viesse para o Brasil porém, veio o mais rápido que conseguiu assim que soube que eu precisava de ajuda. O fio que nos une é generoso e firme, como entendo que seja o amor.  

Hoje, neste Dia das Mães diferente, eles vão almoçar com o pai e eu fico feliz com isso. Acredito que são gratos a ele pela mãe que têm. Eu também sou grata a ele pelos filhos que tenho. 

O Dia das Mães está quase no fim. Espero que todas as mães tenham tido um dia de alegria e aconchego. Eu tive. A dupla que pegou o bastão neste domingo já chegou.