"Não queiras gostar de mim
Sem que eu te peça
Nem me dês nada que ao fim
Eu não mereça..."
Artur Ribeiro
Entendi que decidiram ir atrás de vinho e bacalhau e todos os et cetera e tal - que tem lá - em Portugal. Não sei ao certo, porque as coisas que nos chegam vem com o olhar de quem nos conta. Enfim, queriam que eu escrevesse sobre a viagem que elas fizeram. Ora, se eu não fui, como posso descrever como foi? Sim, sim, mas a gente conta tudo direitinho e você organiza a narrativa. E começaram a falar, todas juntas, uma começava a contar um caso e a outra continuava ou interrompia, do jeito que só mulher sabe fazer e entender... E a cada lembrança, a cada história narrada, riam e se divertiam com o deleite das boas vivências. Contaram que cantaram fado - no palco - junto com a fadista e que, voltando a pé para o hotel, depois de um jantar animadíssimo, foram surpreendidas por uma chuva repentina e chegaram com cabelos e roupas pingando e se acabando de rir; que comeram bacalhau por uma vida inteira e que, de vinho, não se fartaram...
Munida das informações, dispensei-as. Espero corresponder às expectativas...
A primeira coisa que fiz foi ouvir uns fados para entrar no clima - os mais conhecidos - na voz de Amália Rodrigues e Francisco José e escolhi o De Quem Eu Gosto - para me inspirar - porque todo mundo conhece, muita gente gravou e tem uma letra maravilhosa. O compositor é Artur Ribeiro, nascido na cidade do Porto em 1924, com mais de mil obras entre canções e letras.
De modos que cá estou embebida de fado e acompanhada do Porto ou embebida de Porto e acompanhada do fado - tanto faz - no esforço de verter uma história que não é minha. É a primeira vez que conto uma viagem que não fiz e estou curtindo bastante; tá certo que me acompanha a nostalgia do canto e tenho a ajuda do vinho que me trouxeram - sabem das coisas - essas meninas.
Foi bonita e divertida a viagem que fizeram essas sete mulheres maduras de idades variadas. Têm a habilidade de viver que a experiência confere e legitima. Cometeram erros e revisaram certezas. Recomeçaram muitas vezes. Levantaram outras tantas. Têm a percepção serena de que a finitude é inevitável e que devem a si mesmas as alegrias que dão sentido à existência. Sabem como levar a vida de um jeito bom. E levam!
Viagens boas são as que estamos em boa companhia a começar pela própria.
sábado, 29 de julho de 2017
domingo, 23 de julho de 2017
...e me arrisco num soneto.
Escrever e publicar é um desnudar-se que exige coragem.
Escrever versos e publicá-los é uma ousadia e um risco.
C.W.
O Que Consigo
É no descompasso do meu próprio passo
Que perco o rumo, saio do traço.
É no desacerto do que sinto certo
Que me desconecto, que me desacerto.
É no impulso que me carrega
É no devaneio da minha entrega
Que me atrapalho, que me embaralho
E me contenho, mas dá trabalho.
E fico atenta, não me distraio
Me dá trabalho, mas não me traio.
Então eu sonho e me iludo
Num luxo meu, só meu, contudo.
E me deixo ir por tempo curto
por que é preciso, são meus anseios.
E me recomponho, contenho o surto.
Escrever versos e publicá-los é uma ousadia e um risco.
C.W.
O Que Consigo
É no descompasso do meu próprio passo
Que perco o rumo, saio do traço.
É no desacerto do que sinto certo
Que me desconecto, que me desacerto.
É no impulso que me carrega
É no devaneio da minha entrega
Que me atrapalho, que me embaralho
E me contenho, mas dá trabalho.
E fico atenta, não me distraio
Me dá trabalho, mas não me traio.
Então eu sonho e me iludo
Num luxo meu, só meu, contudo.
E me deixo ir por tempo curto
por que é preciso, são meus anseios.
E me recomponho, contenho o surto.
quinta-feira, 20 de julho de 2017
Dia do Amigo
"Ter muitos amigos é não ter nenhum"
Aristóteles
O Dia do Amigo e Dia Internacional da Amizade foi criado pelo argentino Enrique Ernesto Febbraro. Com a chegada do homem à lua, em 20 de julho de 1969, Febbraro enviou cerca de quatro mil cartas para diversos países e idiomas com o intenção de instituir o Dia do Amigo. Acreditava que a união em torno de um objetivo comum poderia promover o bem de todos. Aos poucos a data foi sendo adotada em outros países e hoje, em quase todo o mundo, o dia 20 de julho é o Dia do Amigo. Foi criado por decreto, na Argentina, em 1979 ( Decreto 235/79 /Fonte: Wikipédia)
No Brasil comemoramos o Dia do Amigo em 20/07 e em 18/04. Não consegui descobri o motivo. Se alguém souber me informe, por gentileza. Em 04/02 é o Dia do Amigo do Facebook. Coisa de brasileiro... Mas não é uma jabuticaba...
Idealista, a intenção do argentino tem o mérito de acreditar nos bons sentimentos humanos de solidariedade e boa vontade. Mirou num ponto e acertou em outro. Acredito que o maior mérito da criação do Dia do Amigo seja o resgate do adjetivo "velho". Para muita gente, ser chamado de velho é pior do que um palavrão. A palavra velho se transformou no adjetivo que qualifica - ou desqualifica - coisas, objetos, lixos... trapo velho, chinelo velho, carro velho e por aí vai...
Quando se refere a pessoas, usa-se eufemismos, os mais criativos, para substituir a palavra velho.
Das gentes, diz-se que estamos na "Melhor Idade, na Feliz Idade" ( não sei o que é pior) que temos o espírito jovem - tolice entre as tolices - e há, entre nós - os que acreditam e se esforçam e se misturam com os jovens de fato, como se a proximidade com eles fosse suficiente para voltar no tempo e recuperar a juventude passada, não creio que tenha sido perdida.
Mas o amigo não! Nada tem mais valor, mais significância do que um velho amigo. Aquele, de longa data, de infância, de juventude. É, ao mesmo tempo, um velho amigo e um amigo velho. Aqui, o adjetivo é tão valorizado que se desdobra em dois. Velhos amigos são pessoas velhas. São preciosos, por isso são raros. O significado de velho, na amizade, é de tal importância que nos referimos a eles assim:
"Tenho um velho amigo que, quando nos reencontramos, é tão boa e tão fresca a nossa amizade que parece que voltamos- lá - no tempo de ontem, como se não tivesse passado nem um dia..."
"Tenho um novo amigo que, quando nos encontramos, é tão boa e tão fresca a nossa amizade que parece que nos conhecemos de vida inteira."
Eu tenho o privilégio de ter amigos assim e é para eles que escrevo este texto, com gratidão e afeto.
Feliz Dia do Amigo!
Aristóteles
O Dia do Amigo e Dia Internacional da Amizade foi criado pelo argentino Enrique Ernesto Febbraro. Com a chegada do homem à lua, em 20 de julho de 1969, Febbraro enviou cerca de quatro mil cartas para diversos países e idiomas com o intenção de instituir o Dia do Amigo. Acreditava que a união em torno de um objetivo comum poderia promover o bem de todos. Aos poucos a data foi sendo adotada em outros países e hoje, em quase todo o mundo, o dia 20 de julho é o Dia do Amigo. Foi criado por decreto, na Argentina, em 1979 ( Decreto 235/79 /Fonte: Wikipédia)
No Brasil comemoramos o Dia do Amigo em 20/07 e em 18/04. Não consegui descobri o motivo. Se alguém souber me informe, por gentileza. Em 04/02 é o Dia do Amigo do Facebook. Coisa de brasileiro... Mas não é uma jabuticaba...
Idealista, a intenção do argentino tem o mérito de acreditar nos bons sentimentos humanos de solidariedade e boa vontade. Mirou num ponto e acertou em outro. Acredito que o maior mérito da criação do Dia do Amigo seja o resgate do adjetivo "velho". Para muita gente, ser chamado de velho é pior do que um palavrão. A palavra velho se transformou no adjetivo que qualifica - ou desqualifica - coisas, objetos, lixos... trapo velho, chinelo velho, carro velho e por aí vai...
Quando se refere a pessoas, usa-se eufemismos, os mais criativos, para substituir a palavra velho.
Das gentes, diz-se que estamos na "Melhor Idade, na Feliz Idade" ( não sei o que é pior) que temos o espírito jovem - tolice entre as tolices - e há, entre nós - os que acreditam e se esforçam e se misturam com os jovens de fato, como se a proximidade com eles fosse suficiente para voltar no tempo e recuperar a juventude passada, não creio que tenha sido perdida.
Mas o amigo não! Nada tem mais valor, mais significância do que um velho amigo. Aquele, de longa data, de infância, de juventude. É, ao mesmo tempo, um velho amigo e um amigo velho. Aqui, o adjetivo é tão valorizado que se desdobra em dois. Velhos amigos são pessoas velhas. São preciosos, por isso são raros. O significado de velho, na amizade, é de tal importância que nos referimos a eles assim:
"Tenho um velho amigo que, quando nos reencontramos, é tão boa e tão fresca a nossa amizade que parece que voltamos- lá - no tempo de ontem, como se não tivesse passado nem um dia..."
"Tenho um novo amigo que, quando nos encontramos, é tão boa e tão fresca a nossa amizade que parece que nos conhecemos de vida inteira."
Eu tenho o privilégio de ter amigos assim e é para eles que escrevo este texto, com gratidão e afeto.
Feliz Dia do Amigo!
sábado, 8 de julho de 2017
O Que Espero De Mim?
"Tinha de lá chegar primeiro,
só depois havia de deixar-me ir."
" a máquina de fazer espanhóis"
Valter Hugo Mãe
Do Bom Humor:
Quando nossas andanças coincidem - eu sozinha - elas em dupla, nos cumprimentamos com simpatia. Somos amigas de parque. Impossível não nota-las, porque caminham e conversam e falam sem parar, munidas de galhos caídos que usam como cajado. Andam com postura ereta, cajado à frente do pé direito e pé esquerdo alinhado com ele. É assim que se faz, ouço uma explicar à outra...e, logo em seguida, as vejo cortando o ar, brandindo os cajados como " Quixotes"ensandecidas atacando secretos moinhos de vento. Depois os colocam no porta malas do carro e vão embora. Dia desses, as encontrei à procura de cajados novos, e me explicaram que o carro tinha ido para a revisão e voltara limpo e sem os galhos. A dona do carro me explicou que ligou e perguntou porque deram fim ao cajado dela. Foi uma confusão! Explica daqui e procura dali, informaram que só jogaram fora uns galhos tortos e secos que estavam no porta malas." Pois é, pois é, era isso mesmo". E se divertem imaginando que viraram assunto do pessoal da agência. Sabe-se lá quantas coisas estranhas as pessoas esquecem nos carros! E riem, felizes," devem comentar de uma doida que carrega pau seco no carro." Aquele dia rendeu risos e reiterei a certeza de que bom humor é de graça e é insuperável na defesa da saúde. Baixa a ansiedade e controla o estresse.
Das Expectativas:
No meu grupo de canto coral, o Tempo Certo, eu gostaria de cantar como a Mônica Salmaso, o que me daria prestígio e reconhecimento imediatos, mas me tiraria dali. Eu não caberia mais ali, ficaria grande demais. Pesando prós e contras do que me interessa e importa, sem dúvida eu sairia perdendo. Então, pés fincados no chão e olho enfiado em mim, entendi que a minha expectativa seria a de cantar melhor do que eu. O que tem sido dificílimo, não porque eu cante bem, mas porque, tirando a facilidade que tenho em decorar as letras das músicas, tudo o mais me é difícil - afinação, uso do diafragma, respiração correta e no momento certo, postura no palco e por aí vai. Minhas amigas dizem que tenho melhorado bastante. Sem desconsiderar a opinião delas, me sentiria mais segura com a chancela do nosso querido regente. Aguardo.
Das Legitimidades:
Quando me lastreio como faço agora - por necessidade e correção de rota - me socorro de mim - e, ciente dos meus recursos, faço um caldo de cozimento brando, reduzo, decanto e decido o próximo passo. É tempo de seguir devagar, sem enfrentamentos. A velhice - não tenho pudores em usar a palavra certa - é tempo de relações legítimas, de clareza, de escolhas que nos façam bem, de profundo amor próprio.
É tempo de lealdade e confiança!
só depois havia de deixar-me ir."
" a máquina de fazer espanhóis"
Valter Hugo Mãe
Do Bom Humor:
Quando nossas andanças coincidem - eu sozinha - elas em dupla, nos cumprimentamos com simpatia. Somos amigas de parque. Impossível não nota-las, porque caminham e conversam e falam sem parar, munidas de galhos caídos que usam como cajado. Andam com postura ereta, cajado à frente do pé direito e pé esquerdo alinhado com ele. É assim que se faz, ouço uma explicar à outra...e, logo em seguida, as vejo cortando o ar, brandindo os cajados como " Quixotes"ensandecidas atacando secretos moinhos de vento. Depois os colocam no porta malas do carro e vão embora. Dia desses, as encontrei à procura de cajados novos, e me explicaram que o carro tinha ido para a revisão e voltara limpo e sem os galhos. A dona do carro me explicou que ligou e perguntou porque deram fim ao cajado dela. Foi uma confusão! Explica daqui e procura dali, informaram que só jogaram fora uns galhos tortos e secos que estavam no porta malas." Pois é, pois é, era isso mesmo". E se divertem imaginando que viraram assunto do pessoal da agência. Sabe-se lá quantas coisas estranhas as pessoas esquecem nos carros! E riem, felizes," devem comentar de uma doida que carrega pau seco no carro." Aquele dia rendeu risos e reiterei a certeza de que bom humor é de graça e é insuperável na defesa da saúde. Baixa a ansiedade e controla o estresse.
Das Expectativas:
No meu grupo de canto coral, o Tempo Certo, eu gostaria de cantar como a Mônica Salmaso, o que me daria prestígio e reconhecimento imediatos, mas me tiraria dali. Eu não caberia mais ali, ficaria grande demais. Pesando prós e contras do que me interessa e importa, sem dúvida eu sairia perdendo. Então, pés fincados no chão e olho enfiado em mim, entendi que a minha expectativa seria a de cantar melhor do que eu. O que tem sido dificílimo, não porque eu cante bem, mas porque, tirando a facilidade que tenho em decorar as letras das músicas, tudo o mais me é difícil - afinação, uso do diafragma, respiração correta e no momento certo, postura no palco e por aí vai. Minhas amigas dizem que tenho melhorado bastante. Sem desconsiderar a opinião delas, me sentiria mais segura com a chancela do nosso querido regente. Aguardo.
Das Legitimidades:
Quando me lastreio como faço agora - por necessidade e correção de rota - me socorro de mim - e, ciente dos meus recursos, faço um caldo de cozimento brando, reduzo, decanto e decido o próximo passo. É tempo de seguir devagar, sem enfrentamentos. A velhice - não tenho pudores em usar a palavra certa - é tempo de relações legítimas, de clareza, de escolhas que nos façam bem, de profundo amor próprio.
É tempo de lealdade e confiança!
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