"Solidariedade é horizontal, respeita a outra pessoa e aprende com o outro.
A maioria de nós tem muito o que aprender com as outras pessoas"
Eduardo Galeano
Tenho uma amiga que, quando lê um texto meu, pergunta se o que escrevi é verdade ou invenção.
Brinco com ela que "quem conta um conto aumenta um ponto."
Mas hoje vou contar um fato que pode ser confirmado por testemunha idônea, Antônia, minha neta.
Sabemos que netos são filhos açucarados mas que, como eles, são implacáveis e, ao ouvir uma versão um pouco exagerada de alguma história, desmentem a gente, na lata, sem dó. Comigo acontece, às vezes, porque empolgada com o caso que estou contando me inclino a dar uma versão mais interessante para conferir graça à narrativa. Hoje não preciso inventar nada.
Aconteceu o seguinte:
Ontem fomos, ela e eu, ao Shopping Balneário e, de cara, entrei no estacionamento na contra mão. Procurava uma vaga de Idoso. Ajeitei o rumo assim que consegui e continuei a busca, pressionada por um veículo enorme grudadão em mim. Desisti da vaga que me cabe e estacionei entre duas colunas largas, uma à frente e outra atrás do carro. Era noite quando saímos e o estacionamento estava cheio neste julho de férias escolares. Quando chegamos no lugar em que deixara o meu carro vi que ele estava preso, não tinha como sair da vaga. Estava no meio de quatro veículos e os carros formavam o desenho do cinco, do dominó. O meu carro era a bolinha do meio. O espaço onde estacionei não era uma vaga, mas um lugar do tamanho de uma, pequena, que não pode ser usado. Porque parei ali? Não sei, é óbvio que havia pelo menos outra no entorno, maior e mais fácil de usar.
E agora? O que faço? Entro no Shopping e peço para anunciarem as placas convocando os proprietários para liberar a minha saída? Penso que não fariam isso. Antônia ria de mim sem compaixão.
Sabe o que aconteceu? Uma família veio em nossa direção e o meu coração se encheu de esperança!
Eram os proprietários de um dos quatro carros. No estacionamento enorme e cheio, as pessoas que estavam partindo eram justamente as que me liberariam a saída. A vaga aberta por eles era de trás e eu teria que sair de ré, o que me dava pouco espaço de manobra por causa das colunas largas. O motorista deu uma olhada no espaço que surgiu e comentou que, "com jeitinho, a senhora sai sem problemas." E foram embora.
Nunca ganhei na loteria mas imagino que a alegria deve ser parecida com o que senti.
Ainda estava manobrando quando eles voltaram. O motorista desceu e me orientou até que consegui sair sem bater nas colunas e nos outros três veículos que continuavam estacionados.
Fiquei profundamente grata àquelas pessoas desconhecidas que, percebendo que seria bem difícil sair dali, decidiram voltar só para me ajudar.
A verdade é que a maioria das pessoas são gentis. Infelizmente, muitas vezes distraídas e não percebem as dificuldades alheias. Que bom que deu tudo certo.
ResponderExcluir"Tudo está bem quando acaba bem'.
ExcluirMais distraída fui eu que tive dificuldade em estacionar na vaga que não era. Não cabia ali. Serviu de lição em qualquer situação.
ResponderExcluirO seu jeito carismático e simples de ser desperta curiosidade alheia do bem.
ResponderExcluirVc é vc mais uma vez!
N.I.
No fim, foi divertido...
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