segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

As Várias Faces Que A Beleza Tem.

"É muito bom falar com os outros
 Sim, mas só quando você fala e há alguém que responde."
                                                      A amiga Genial/pag.99
                                                                    Elena Ferrante"
                                                             
                                                   
                                                   

Dia desses li um texto do brilhante escritor português Valter Hugo Mãe onde ele faz um paralelo entre a feiura que se atribui e a beleza que enxerga num amigo e de como acontecem as coisas do amor para um e para outro. Por ser feio, lamenta, nunca é notado pelas mulheres. Porém, ao contar de si e falar de como sente, expõe uma alma tão plena de delicadezas e sensibilidades que faz com que a gente se apaixone instantaneamente. No entanto, o amigo "galinha" e rude está sempre envolvido com várias moças e as usa para lhe alimentar as vaidades.

Imediatamente lembrei de uma amiga que não vejo há tempo. Da última vez que soube dela estava fora, numa viagem sem data para voltar. Independente e desimpedida é dada a esses sumiços. É daquelas pessoas que quando dizem "que vontade de sumir" já estão com o pé na estrada. Depois de um tempo reaparece remoçada e chega - prenha de si se partilhando toda - e contando do que aprendeu, pois era essa a ideia, reabastecer-se para se repartir. Fico feliz quando ela chega - me considera e, generosa - me situa. Se colocando em si ela me coloca no prumo também. Sem filhos e sem grandes problemas, passa pela vida sem muito desgaste. Não sei a idade dela, mas é aquele tipo "que se cuida" e se trata bem. Não gosto de dizer - de pessoas - que estão conservadas, porque me vem à cabeça grandes vidros de pepinos e beterrabas cozidos em panelões, separados por panos de prato para evitar que se choquem e quebrem no movimento da fervura. Prontos, ficam expostos em prateleiras, garantida a conservância pelo vinagre, ingrediente indispensável da receita. Penso - de pessoas - que, ao se quererem bem, se cuidam, caminham em parques, leem bons livros, fazem exames de rotina sem muita neura e, mais que tudo, buscam e descobrem o que lhes faz bem. Não gosto da ideia de juntar vinagres à gentes. Prefiro os densos e curiosos, que procuram o entendimento de si  para entender seu entorno, mas sabem que - de ideias e sentimentos - é necessário dispensar as conservâncias porque tudo muda e tudo passa.

Pois essa amiga minha, ao chegar como uma lufada de ar fresco, vem com notícias frescas também.
"Vou casar" - ela diz, feliz! Pergunto, curiosa: Quem é o felizardo que vai reter você? E ela - pois saiba que ele ainda não sabe. Cuido das tratativas para o evento sozinha, mas a experiência e o bom senso me alertam que é melhor comunicar-lhe quando as certezas foram maiores do que as dúvidas. Como a conheço de vida toda entendo sua cautela porque já passamos por muita coisa juntas. Nos confortamos e e nos reabilitamos tantas vezes e em tantas situações, num déjà vu que se repete mais do que gostaríamos, que sinto que essa historia de um novo casamento tem todas as chances de não acontecer. Ela argumenta, e eu concordo, que as coisas do amor precisam ser de confiança infinita, de cuidadinhos atenciosos, trocas de gentilezas e claro, da alegria de estar junto.
Sexo, diz ela, acontece e é ótimo, mas sem aquelas urgências da mocidade.
E conclui, definitiva: quero um homem bom para trocar alegrias miúdas e, com sorte, raras felicidades de gala.

Sem dizer nada, lhe passo o texto citado acima "A indelicadeza bonita" e ela decide, taxativa: Vou me casar com ele! Ainda bem que o outro não sabia que estava meu noivo! E virando-se para mim: Viu como é bom não espalhar intenções antes de termos certezas absolutas?
Pergunto: A quais certezas, exatamente, você se refere?











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