" Nada do que foi será
De novo do jeito que já foi um dia
Tudo passa
Tudo sempre passará"
Lulu Santos
Estamos, salvo as honrosas exceções de sempre, massacrando Tom Jobim para uma agendada apresentação da Escola, no segundo semestre. O professor, abnegado como são os convictos, se empenha e ensaia e insiste.
Intimamos família e amigos para assistir, numa destemida prova de coragem. Meus filhos, avisados, já disseram que, infelizmente, não poderão comparecer, pois têm compromisso neste dia. Vocês nem sabem qual é a data, aleguei. Reafirmaram o compromisso. Desconfio que seja um caso de vergonha alheia...
Contenho os voleios das mãos, depois do professor me alertar, "não faça a regência, por favor!" Como nunca uso roupas sem bolsos, depois daquele aviso, deixo as mãos contidas, neles...mas de pouco adianta, sacolejo e remelexo e penso que o professor tenha se arrependido do que disse...
Depois da aula, merecidamente, vamos relaxar que ninguém é de ferro. A escolha do lugar é feita de acordo com o clima, assim como o que vamos beber. Nas noites de agora, mais frias, a escolha vai para sopas e vinhos e os assuntos são todos... e sempre saímos com os problemas resolvidos. Se não os nossos, os das outras, porque, como dizia meu pai, "fácil é resolver o problema alheio"
Num desses dias, assistimos a uma apresentação de Fado, de uma portuguesa bonita que cantava lindamente, "De quem eu gosto, nem às paredes confesso"... e nós, sem vergonha e sem noção, com o vinho a nos dar coragem, fazíamos coro à interpretação da moça. Divertidíssimo!
Como já fazia um tempo razoável daquele dia, decidimos voltar lá. A informação que tínhamos era que a moça voltara para Portugal e que o lugar não estava mais apresentando shows.
No entanto, logo ao chegar, a mais sagaz de nós observou "a moça que nos recebeu não é a fadista? " É mesmo! Ela, porém, não demonstrou que nos reconhecera. Talvez tenha se preservado para não correr o risco de nos ouvir cantar e não nos interessava, nem um pouco, que ela nos reconhecesse. O encanto daquele canto ficou naquela noite, daquele dia. Uma lembrança boa para nós. Para ela, foi parte do trabalho.
Quando a vida acontece assim, fluida e leve como deve, é muito bom. É outro momento, outra percepção.
Um sentimento novo.
Muito bom!
ResponderExcluirSim sim, impossível não concordar com você. Nessas horas estão todas de bem com a vida!
Me alimento desses momentos que me dão alento e matéria para escrever. Como tudo que que vale a pena, a amizade também é uma via de mão dupla.
ExcluirClévia, como é bom ler seus escritos. Tudo flui em sua cabeça, tudo é tão real. Parabéns amiga. Sou sua fã
ResponderExcluirObrigada, Frederico. Você é um amigo querido. Fico feliz por você gostar do que escrevo.
ExcluirLindo de uma forma sutil.
ResponderExcluirObrigada. Que bom que você gostou.
ExcluirCada vez se aprimorando mais ! Das coisas da vida, fazendo a arte.
ResponderExcluirOi, a gente tenta, um pouco cria, outro tanto, inventa!
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