terça-feira, 17 de março de 2020

O Evento!

"Viver é a coisa mais rara do mundo."
                                     Oscar Wilde


Munida da requisição para fazer fisioterapia por conta de um menisco do joelho que dá sinais de que a coisa está além das suas capacidades, me dirijo à clinica para marcar as sessões.

A recepcionista afasta a máscara de proteção e informa que não estão atendendo pessoas do grupo de risco.
Agora, só emergências. Nas clínicas e em todos os hospitais, acrescenta ela.

Tenho que negociar com ele, o menisco, para que me dê umas semanas de trégua. Isso aconteceu terça - feira, dia 17 há menos de 48 horas. Depois daquele momento tudo mudou tão rápido e continuou a mudar tanto que fica difícil acreditar que tenha sido há dois dias.

E lembro da quinta feira passada, há apenas uma semana em que Mônica e eu lançamos os nossos livros na Livraria Catarinense do Shopping Balneário e que amigos atenderam ao nosso convite e compareceram para nos prestigiar. A maioria era formada por um animado grupo de risco. Foi um encontro alegre e cheio de afeto. Revi amigos que não via há muitos anos e nos abraçamos, saudosos e espontâneos. Rimos, felizes, como se a vida fosse eterna.

E penso que os Encontros Felizes, tão caros à Mônica, têm que esperar um pouco, mas vão voltar a acontecer, tão felizes quanto.
E,  no meu Terceiro Ato, embebido da percepção da finitude - incontornável - e pleno de alegria e gratidão pela vida, a vivida e a à viver, sem data anunciada para acabar.

Acredito que a necessidade de ficar em casa não será por muito tempo e, embora esse conceito seja elástico, devo fazer a minha parte para não dificultar ainda mais o trabalho dos profissionais de saúde que estão nas frentes de batalha.
É o velho e bom "quem não ajuda não atrapalha"...

Quero aceitar convites como pede a Mônica e, mais do que isso, promover encontros que terão  o status de eventos, porque viver sem risco iminente a nos rondar é por si só dádiva, sorte e regalo.
E não quero perder ninguém.
Viver é o quanto basta.





Um comentário:

  1. Esta é uma daquelas situações em que estamos entre a cruz e a caldeirinha. O grupo de risco é justamente o que mais precisa do apoio social e convívio.

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