(Gênesis 2:2 - 3)
Sonhei que meu celular, que estava no bolso, tinha sido trocado por uma caixinha de plástico com as medidas de um celular de verdade. Do susto inicial e ainda sonhando ponderei que, se estava há uma semana de quarentena, isso seria impossível.
Era o subconsciente reagindo à própria armadilha.
Perder celular é sempre um grande incômodo e agora seria um drama, principalmente para quem, como eu, atravessa esse período sozinha. É desafiador, como sei que ficar confinado em casa e em família é tão desafiador quanto. A diferença é que, em família, teriam outros celulares a servir de contato e socorro.
É importante criar uma rotina diária. Decidi que só assisto as notícias depois das 20:00 h e troco de canal assim que sei das mudanças nas últimas 24 horas. Noventa por cento de tudo que se propaga, posta ou fala é repetição, fake news ou polêmicas que só servem para acirrar os ânimos já combalidos e abalados.
A realidade é suficiente.
De manhã coloco uma roupa de sair, mesmo que eu não saia, uso maquiagem leve, mesmo que ninguém me veja. Como só verei a mim, a mim me cabe fazer com que o espelho me devolva uma boa versão de mim mesma.
Tenho a sorte de morar num apartamento com um terraço grande e ensolarado. Faço dele minha praia e ando de lá prá cá e apanho sol e aproveito para fazer atividades externas. Ontem resolvi raspar, com uma espátula, a tinta que o moço que pintou o muro passou no meu vaso grande de cimento.
Foi pra combinar com o muro, dona, a senhora não gostou?
Depois de tanto tempo, a arte do pintor serve para que eu me ocupe.
Vaso recuperado, planto a muda da arvorezinha que a vizinha me deu. Ela me informa que tem a planta há vinte e um anos e que foi a mãe que plantou, pouco antes de deixá-la. Respondo que é uma honra e que cuidarei dela com carinho.
E o dia passa, e vou e volto, e sento e escrevo, e leio as mensagens e danço um bocadinho ao som de This Is My Song na voz de Petula Clark que a memória resgata e comove.
E espero.
E a rádio da TV, sintonizada nos "Anos 60" continua com os Beatles cantando All We Need is Love.
Atual,não é?
Muito atual...
ResponderExcluirContingenciamento....
ExcluirComo todos , o negócio é entre outras coisas, fazemos aquilo que queríamos mas nunca "tínhamos tempo". E aí vemos: como temos !!
ResponderExcluirSempre fica um pouco de coisas para colocar no lugar. Aproveitemos!
Excluiradorei!
ResponderExcluirQue bom! Você sabe, minha filha, o quanto me importa a sua opinião.
ExcluirMuito parecidas nossas rotinas atuais...e com fé continuemos!! Beijo
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