No isolamento por causa do "novo" corona vírus - citado, estudado, pesquisado e, principal assunto no mundo inteiro - eu gostaria que a exposição excessiva, superlativa, causasse nele - assim como algumas paixões - a combustão espontânea, fruto da intensidade do próprio fogo. Acho o corona tão velho!
Infelizmente, não é assim.
Tornados visíveis por conta da pandemia, os maiores de sessenta são instados a ficar em casa. Viramos um coeso grupo de risco. O supermercado informa que abriu um horário especial para os idosos. Entre 7:30 e 8:30 h da manhã.
E recomenda que façamos uso deste direito!
Tentei seguir a orientação e o mais cedo que cheguei no mercado foi às 9 e meia.
Talvez o maior prazer do aposentado, é poder dormir o quanto baste. Não dar a mínima para essas coisa de relógio. Abrir os olhos quando o sono acaba. Certo que acordamos cedinho, entre cinco e seis horas da manhã porém, descompromissados com horários e obrigações, voltamos a dormir. E como são frescos os sonhos das manhãs!
Esta pandemia é daquelas tragédias que se exaurem com o tempo. Enfraquecem e empalidecem até se incorporar ao cotidiano. Deixa, como elas, um lastro de dor e drama. Seria importantíssimo se também deixasse lições. Indispensável - como em algumas situações na vida - ficar atentos e nos cuidar.
A ciência desenvolve vacinas, a gente se adapta e a vida continua. E ficará na lembrança da humanidade inteira.
Em casa, em tempo quase integral, somos obrigados a nos olhar. Nos avaliamos e, se fomos coerentes, nos reconhecemos e entendemos que, mais do temos, é o que somos que nos sustenta e preserva a nossa dignidade. Gosto muito desta palavra velha e esquecida: dignidade.
Das finitudes, talvez a mais doída, são as que acabam pelo desencanto.
E se especula, para depois que as coisas se ajeitarem, como será o "novo normal", se a máscara fica como um acessório corriqueiro, se as pessoas mudarão o jeito de se cumprimentar, sem beijos e abraços, tão arraigados na nossa cultura, se lavaremos os mãos com desejável e salutar frequência.
Seria ótimo, mas não acredito que aconteça.
Penso que se conseguirmos deixar de soprar velinhas em bolos de aniversário já será um grande avanço.
Não sei quanto o mundo vai mudar, mas os aniversários nunca mais serão os mesmos.
É uma mudança de hábito que deverá permanecer.
ResponderExcluirPor muito tempo, acredito que o medo vai imperar, infelizmente
ResponderExcluirMuito bom Clevitia.
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