terça-feira, 21 de junho de 2022

Demandas da Vida.

                                                                               I

Se amor é caminhada e paixão é um choque que explode, queima e se extingue, é preciso avaliar o quanto a perseverança resiste aos trechos em que um dos parceiros se entrega à combustões de ocasião, para depois voltar  - asas chamuscadas - ao traçado seguro do caminho compartido.   

Viver assim é como pisar num terreno movediço o tempo todo. Com a lida, com as desilusões e as recaídas, creio que tecemos uma alça de dentro pra fora, como aquelas que têm nos ônibus que, se não impedem o tranco, evitam a queda. Até que nos tornamos fortes o suficiente para caminhar sozinhos e nos sentir bem. Se mantivermos o foco e a alça que nos mantém de pé, construímos as rédeas que nos permitem a escolha de rumo. É só nesta hora que temos as ferramentas para enfrentar os embates da jornada. Demora, mas vale a pena. O ideal seria que as duplas afetivas pusessem as cartas na mesa antes de firmar o contrato. Melhor ainda se, por uma lei superior, as uniões só pudessem ser efetivadas entre parceiros que pensam a vida da mesma maneira. Como não é assim que funciona, o fato de aprender a nos amar nos capacita para mensurar ônus e bônus.

                                                                              II

Para manter a máquina é mais fácil. A equação é de custo benefício e só depende de determinação. Com  alimentação saudável e moderação em tudo o mais que existe de bom na vida os resultados são garantidos. Sol sem exagero, musculação na academia, alongamentos para permitir que pisemos com segurança nas calçadas maltratadas das nossas cidades, tudo isso e mais um pouco é parte da rotina. Chegou o tempo da disciplina implacável. Quaisquer relaxamentos e voltamos à estaca zero.

                                                                             III

E, tem também a construção da nova relação com os filhos adultos, com seus parceiros e com os netos, o que demanda energia à parte porque é de amor visceral que estamos falando. É tempo de rever e,  principalmente, mudar o modo de amá-los. Entendo que temos que aprender a amar os filhos com desapego, resistir aos palpites, jamais achar isso ou aquilo, enfim, não meter o bedelho sem a devida permissão. Nesse ponto nos socorremos da bagagem construída lá atrás, quando aprendemos que nos amar antes de tudo é condição indispensável para viver e deixar viver.

                                                                              IV

E a vida?  É privilégio, sorte e bênção.

  




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