"Temos, todos que vivemos,
Uma vida que é vivida
E outra vida que é pensada,
E a única vida que temos
É essa que é dividida
Entre a verdadeira e a errada."
Fernando Pessoa
Foi por premência e necessidade que comecei a escrever em meados de abril passado. Começaram - as palavras - a dançar ante os meus olhos exigindo uma atenção que eu não estava disposta a lhes dar. Mas elas insistiram, teimosas e impertinentes como uma criança que puxa a barra da saia da mãe a exigir atenção. Fui me arriscando com cuidados e sem saber no que aquilo ia dar. A minha alma andava inquieta e acredito que usou o expediente de me forçar a escrever para que eu desse atenção a ela. E foi com textos tímidos e curtos que fomos nos aproximando e foi desse jeito que fui trazendo-a de volta porque ela, pelo descaso, andava arisca e desconfiada. E assim fomos nos harmonizando - minha alma e eu - e agora estamos como queijo e goiabada.
Nesses tempos de redes sociais, de conexões 24 h via internet, esquecemos aquela - primeira - que devemos manter com a alma que nos habita.
Uma coisa leva a outra e me vi criando o blog 60 e agora? e comecei a publicar meus textos e receber retorno e - de repente - descobri que tinha leitores. Foi um susto misturado com emoção e, engatinhando como estou nesse ofício de escrever, ainda fico um pouco constrangida quando pessoas me dizem que se sentem afinadas com o que escrevo e compartilham e outras pessoas leem e também reagem.
Reação é a melhor resposta para qualquer atitude que tomamos na vida. Serve para nos estimular e legitima o que fazemos quando é positiva e nos força a refletir quando é negativa. Nos torna visíveis, nós, os que começávamos a nos conformar em ficar na sombra. E me convenço de que temos uma inclinação natural para a luz e que as sombras nunca deveriam nos bastar.
E ela, a minha alma, que começou tudo isso, fica feliz, feliz e me diz: Viu, eu disse que acreditava em você! Agora somos parceiras, escrevemos a quatro mãos. Nos fazemos companhia e nos apaziguamos. Nada tem tanta urgência no tempo de agora. O paradoxo é este: quanto menor o tempo de que dispomos mais cadência e calma nos permitimos. Impaciência é coisa de quem tem tempo.
Bom Ano Novo e que a saúde nos faça companhia todos os dias.
Tu era uma escritora nata e não sabias !! Parabéns, beijo e sucesso nesta tua bela empreitada. Date
ResponderExcluirObrigada, Date. Nada é mais importante para quem escreve do que ter quem os leia.
ResponderExcluirAh, bendita alma!
ResponderExcluirPorque desse encontro, nós leitores, saímos ganhando. Abraço.
Obrigada, amiga. É um prêmio que recebo, cada vez que alguém lê o que escrevo.
ResponderExcluirNão foi só um apelo de tua alma.
ResponderExcluirEla exigiu que escrevesse, mas você foi além do pedido e publicou.
Foi generosa em compartilhar o que pensa com quem tem prazer em ler teus textos.
Obrigada por mais esse.
São "pílulas de Clévia" e sempre bem vindas, no momento certo, como bálsamo.
Oi Rosane querida, viu como o seu comentário deu certo? Tanto que foi em dose dupla! Duas "pílulas" de Rosane. Vocês são um presente que recebo da vida.
ExcluirBeijo
Você faz mais que obedecer tua alma.
ResponderExcluirCompartilha conosco teus pensamentos, sempre bem vindos, como "pílulas de Clévia".
Chegam sempre em boa hora, como bálsamo.
Apesar de não me encontrar no mesmo momento eu me identifico com muito do que você escreve! Vai tocando umas partezinhas de dentro... São as palavras, eu amo as palavras! Beijos!!
ResponderExcluirÉ isso Alissa, nos reorganizamos quando verbalizamos o que sentimos. A palavra é sempre uma aliada. Beijo.
ResponderExcluirA facilidade com que as palavras fluem da tua alma e a beleza que elas transmitem mostram que você nasceu com o dom tão especial de se conectar com o mundo,com as pessoas,através das palavras! Que bênção!
ResponderExcluirAcho que é isso. legitimar o que importa. É o que busco, procuro, aspiro. Obrigada, Glorinha"
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