domingo, 22 de maio de 2016

Mudança e Desapego

Mudança feita cabe, no novo endereço, ajeitar o que trouxemos. Nos primeiros dias andamos feito baratas tontas de lá pra cá sem que o serviço progrida, sem que se note algum indício de coisa arrumada. A impressão que temos é de que nunca, nunca mesmo conseguiremos caminhar sem tropeçar nas caixas e armários da transportadora. O lugar é menor então cabem menos coisas, simples assim. Mas, se antes de mudar medimos espaços e móveis e só vieram os que de fato caberiam, por que mudança dá tanto trabalho e faz tanta confusão e bagunça?

Porque deixamos os móveis, mas trouxemos o seu conteúdo. E aqui, no apartamento mais adequado ao nosso momento de vida, nos vemos com uma montanha de coisas que não tem como guardar.
Nesse momento começa a terceira etapa da mudança, a do descarte. Separar roupas e calçados para o bazar da escola, linhas e lãs, fitas e fios para o grupo de voluntariado, roupas de cama para aquela amiga que organiza uma casa de acolhida para carentes de tudo. E a coisa vai fluindo e indo e vemos quanta coisa guardamos sem nem lembrar que tínhamos e como é bom dar-lhes um uso útil para outras pessoas.

Nesses tempos em que a palavra "desapego" é usada sem muito critério, penso sobre qual é o verdadeiro significado dela. Não trazer a sapateira nos faz perceber que podemos doar alguns sapatos, mas isso é fácil.

Desapego, no meu entendimento, é corrigir a rota do nosso viver sempre que for necessário. Abandonar certezas que pareciam eternas e que não fazem mais nenhum sentido. Descobrir o que nos é essencial e ser fiel a nós mesmos. Perceber que não somos mais os mesmos, não obstante nos reconhecer em quem somos agora.



2 comentários:

  1. parabéns ,Clévia! e enfrente o que vem em frente! vc vai "tirar de letra"!!

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  2. É difícil essa tarefa... o quanto posso dispensar sem me descaracterizar? Objetos realmente pra mim é muito fácil, já outras coisas nem tanto.
    Adoro os textos, beijos!

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